Agora e sempre, até o fim

Depois da conversa que tive com minha mãe a respeito de tudo o que eu vinha passando, ela fez o que eu pedi. Conversou com amigos que ela tinha na Igreja (meus pais fizeram encontro de casais, e participaram um tempo das equipes de serviço, então tinham muitos amigos de lá) e eles se dispuseram a orar por mim.

Voltei pra igreja evangélica com a ajuda das mesmas pessoas que me levaram pra lá aos 12 anos de idade, e sou bastante grato a eles pela força que me deram. Porém , não considerei minha volta definitva, uma vez que ainda pedia a Deus um sinal de onde eu deveria estar. Meu coração sentia sede de algo mais, algo que eu não sabia o que era. Era uma vontade de me doar mais, de me entregar mais... de não apenas estar sentado ouvindo alguém falar... eu queria estar mais próximo, mais vivo... ser mais amado, e amar mais.

Enfim, depois da primeira semana, me veio o convite narrado no post anterior, e como eu disse, eu aceitei.

Cheguei na tal comunidade católica num sábado as 16hs, como havia combinado. Eu, minha irmã e duas amigas, uma delas era o anjo enviado por Deus pra me ajudar.

"Boa tarde! Vocês são do grupo de iniciantes?"

"Hã?!? Grupo de que?" A gente sempre responde com um sorriso amarelo quando vem aquelas meninas do acolhimento falar com você com aqueeeeeele sorriso né? "Não, eu... eu não sei..."

"É isso mesmo, somos do inciantes" Meu anjo falou por mim, e eu aceitei na hora né! Sou do iniciantes... O que danado era iniciantes? Vai saber!!

"Que bom! Como é o nome de vocês?" ... depois de toda aquela apresentação e acolhimento básico [que hoje eu faço com tanta gente!] ela nos disse qual era a sala e pediu pra gente subir... hehe que legaaaal! Alguns jovens mais ou menos na mesma faixa etária sentados em círculo em cadeiras de plástico esperando alguém chegar... bem a cara daquelas salinhas que as mães deixam os filhos quando vão pra igreja... eu já estava esperando que alguém nos ensinasse aquelas musiquinhas super divertidas e nos pedisse pra desenhar a arca de Noé ou algo do tipo... bom, com exceção do desenho, foi exatamente isso que aconteceu.

Os "tios" chegaram [tio rashid e tio léo xD]... perguntaram nosso nome, cantaram musica pra gente, nos ensinou a cantar, a dançar, rezaram... e apesar de achar um tanto quanto infantil tudo aquilo, confesso que me admirei [e muito!] com a alegria daquela galera... com o acolhimento... na minha cabeça só tinha uma coisa... "caraca, acho que não tem tempo ruim pra essa galera!" E eu mal sabia que estava diante de um dos maiores presentes que Deus poderia me dar...

- E ae cara, vamo fazer a inscrição pro seminário!! - o cara lá que tava coordenando me perguntou no final do grupo... Esse ae é o anjo que trouxe o que eu tinha pedido a Deus durante toda aquela semana...

- Não sei cara... preciso ver, não sei se vai dar certo...

- Vai ser bom, você vai gostar!

- Posso fazer a inscrição mesmo sem dar certeza de ir?

- Claro que pode!

- Mas to sem o dinheiro aqui, só vou poder dar...

- Vamo lá... me diz teus dados...

Fiz a inscrição. E de repente, quando ele me perguntou qual era minha religião, uma pergunta que eu não esperava fazer.

- Não sou católico, e... cara, eu tenho muitas dúvidas sobre a Igreja católica...

- Sério? Tipo o que?

- Muitas. Acho que a mais comum é a questão das imagens, e eu não entendo porque que a Igreja não se explica...

Eu não vou dar aulas de apologética aqui, mas eu só precisei sentar e ouvi-lo por 5 minutos. O que ele me mostrou foi suficiente pra abalar minhas opiniões tão concretas...

- Vá pro seminário. Lá eu te mostro muito mais.

- Combinado. Eu vou.








Passou a semana. A resistência veio, é claro. Mas como havia prometido, e meu coração se inquietava pra descobrir mais, eu fui.

Quando cheguei no shalom, reencontrei o pessoal do iniciantes conversando, perto das bolsas, na famosa rampa... cheguei meio por fora, com aquele sorriso sem graça... e ali aconteceu uma coisa que muito me marcou... o jeito que aquela galera me recebeu... gente, eu entrei mudo e saí calado daquele iniciantes... e, por tudo que tinha passado, estava té meio abatido... eu esqueci de comentar, mas cheguei a tomar anti-depressivo sem saber, achando que era remédio pro estômago... mesmo assim, aquela galerinha me viu e fez uma festa que não fazia sentido, me chamaram pra tocar violão, começaram a imaginar como aquele fim de semana seria especial... como a gente iria se tornar amigos...

"Meu Deus... eles são tão felizes... eles não se sentem tristes quando o sol se põe... o sorriso deles é tão sincero..." Era só o que se passava na minha cabeça... e, eu não posso negar... no fundo do meu coração algo dizia... "Bem vindo à sua casa... esse é o seu lugar..."

Amigos, isso é tão real que nesse instante eu consigo sentir exatamente a mesma esperança que senti naquele momento... era lindo... era um raio de sol no meio das nuvens...

E fui... naquele ônibus eu já estava me sentido totalmente à vontade... enrolei na hora de cantar as músicas, aprendi os passinhos que agora não eram mais infantis, e sim divertidos... lembrei de tudo o que eu era antes, e de fato estava me comportando de um jeito que há muito tempo não me comportava... como se agora estivesse sendo realmente eu mesmo... sem tristeza, apenas eu como Deus me fez...

Eu estava totalmente encantado com tudo aquilo... coisas que a gente ouve e acha tão banal me faziam parar feito estátua... "Gui, eu já gosto tanto de você!" "Cara, daqui pra frente a gente vai ser como irmão..." Coisas que me soavam tão sinceras... tão verdadeiras... coisas de quem está cheio do amor de Deus... coisas de quem ia aos poucos se sentindo amado, a cada pregação, cada oração... coisas que me faziam chorar... me tiravam a fome... eu não acreditava que tava vivendo tudo aquilo...

Chorei como criança ao nascer ao ouvir a voz do meu Deus... sim, Ele fala com a gente... e veio me dizer que a minha vida só seria vida ao lado dEle... que Ele me amava... que tinha acabado... E aos soluços deixei-me ser levado nos braços do Pai... e Ele limpou as feridas... enchugou minhas lágrimas... me olhou bem nos olhos e disse "a partir de hoje, sua vida é nova..."

No final daquele fim de semana, ao meu lado estavam os melhores amigos que Deus poderia me dar... foi tudo muito perfeito... foi o maior presente que alguém pode receber de um Pai... "Daqui eu não saio nunca mais..." As dúvidas iam sendo tiradas aos poucos... o que eu tinha vivido era maior do que qualquer coisa...

Me arrumei pra missa... e estava mais do que feliz por isso... todos juntos, numa felicidade que não cabia dentro do peito... Meu Deus, eu achava que nunca mais ia sentir aquilo... e, depois de arrumar as malas, olhei pro quarto e saí em direção ao pátio da escola... E no céu estava o mais bonito pôr do sol já visto nesse mundo...

"O sol ta indo embora... e agora eu não choro mais... eu não tenho mais medo... O sol ta indo embora, mas agora eu sei que vou ser feliz... agora eu tenho planos... eu tenho de volta os meus sonhos... agora eu tenho amigos... agora eu sei que Você me ama... e hoje eu vou chegar em casa e dizer pra meus pais que tudo aquilo acabou... acabou... muito obrigado Pai... muito obrigado..."



Isso até hoje me traz lágrimas aos olhos... pra sempre estará marcado em minha vida... Hallel, alegria de Deus... a alegria que me faltava, e agora existe em abundância... Hallel, agora e sempre, até o fim...



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Uma daquelas pessoas que rezaram por mim [que eu citei no início] veio me dizer alguns dias depois do seminário...

"Guilherme, eu estava em casa assistindo a canção nova e rezando por você. De repente, o rapaz falou: 'Uma mulher está em casa rezando por um jovem... e Deus está lhe dizendo que este jovem será salvo... será liberto... e virá pra verdadeira Igreja de Cristo... virá pra Igreja Católica...' e você não imagina o quanto eu fico feliz em te ver e saber de tudo o que você viveu... Deus te abençoe..."






Fiquem com Deus amigos... grande abraço, SHALOM!!!