Olhou-me e com estranha facilidade pediu-me que lhe construísse um castelo. Pediu de modo simples, como quem pede algo pequeno.
Olhei-o de volta, e, sem considerar tal possibilidade, neguei-lhe o favor.
Silêncio em resposta.
Achando que talvez não tivesse sido claro o suficiente, fui listando os motivos mais óbvios que me levavam a negar o pedido: As paredes precisavam ser resistentes, as torres, muito altas. Precisava-se contar com o trabalho de um excelente engenheiro, para projetar seus saguões, escadarias, corredores e quartos. Precisava impressionar com sua beleza e grandiosidade. Sem falar em todo o alicerce que também precisava ser feito... E eu era apenas um. Não. Definitivamente, não.
Seu olhar permanecia em mim, desta vez acompanhado de um sorriso. Com igual suavidade, disse-me: "Vamos?"
Não havia espaço para ponderações. De modo educado, respondi "Vamos".
Fui conduzido alguns metros adiante, quando me vi diante de um galpão. Alguns homens trabalhavam em algo que não consegui identificar o que era. Dentro de mim, mil perguntas e questionamentos iam e voltavam sem parar. Um turbilhão de pensamentos geravam medo, insegurança e um insuportável barulho em minha mente.
Parou diante de alguns materiais de construção e disse-me: "Silêncio".
E pediu que eu pegasse apenas um tijolo.